quarta-feira, 30 de junho de 2010

O mais frio dos ombros... Compreender e não compreender a Capsulite adesiva

Descongelar o ombro, eis a questão !

Você começa a notar que o ombro dói quando você se deita sobre ele, ou ao acordar de manhã. A dor geralmente melhora depois que você muda a posição, mas gradualmente a dor começa a persistir. Inicialmente pode-se confundir com uma tendinite, só que a dor não melhora, aliás ela piora e à medida que isso acontece seu ombro começa a perder a liberdade de movimento. Depois de 6 a 10 semanas, que podem perdurar até 6 meses, a dor diminui, mas o movimento de seu ombro ficará bastante limitado. O ombro fica tão rígido que você tem dificuldades em tarefas diárias como prender o cabelo, se vestir e tomar banho (ensaboar a axila oposta se torna um desafio, assim como lavar os cabelos). Você, nesse ponto desenvolveu um "ombro congelado" e o mais frustrante é que na MAIORIA DAS VEZES, você não faz ideia do que aconteceu com você.

Ninguém entende totalmente porque um ombro congelado se desenvolve. A medicina não sabe exatamente a sua causa. Por alguma razão o "envelope" de tecido que circunda a articulação gleno-umeral, que é a cápsula articular do ombro, encurta e desenvolve grossas aderências e/ou tecido cicatricial. O termo médico é CAPSULITE ADESIVA. Os movimentos da cabeça do úmero (osso do braço que compõe o ombro) ficam impedidos na rotação e deslizamento apropriados o que os torna restritos e dolorosos.

A maior parte do tempo, um ombro congelado ocorre sem estar associado a lesão ou causa. O ombro congelado afeta mais comumente pacientes entre 40 e 65 anos de idade, do sexo feminino.
Pessoas com diabetes tem mais possibilidade de desenvolvê-lo, assim como as que sofreram cirurgia no braço, cotovelo ou ombro. Isso é especialmente verdadeiro se houve necessidade de manter a articulação imobilizada por certo período de tempo ( como  a utilização de tala por exemplo).
Muitos estudos tem relacionado a doença de Parkinson, problemas de tireóide e doenças cardíacas a maior incidência de ombro congelado.
Pessoas acometidas por essa patologia são mais vulneráveis a desenvolvê-la no ombro oposto.
A despeito de todo esse conhecimento continuamos a ver muitas pessoas com ombro congelado que não apresentam nenhum desses fatores predisponentes.

Michael S. O'Hara, fisioterapeuta norte americano que atua em Miami, com muita experiência na área, afirma que há uma outra condição que deveria ser adicionada aos fatores de risco para o ombro congelado. Na sua carreira foi raro encontrar essa condição em pacientes fortes.
Ele constatou que desde a força de preensão até os músculos que fixam a escapula ( ossos triangulares que se situam na parte superior das costas) na caixa torácica, desses pacientes são mais fracos do que seus semelhantes de mesma faixa etária e sexo. A força do braço não afetado é frequentemente tão limitada quanto a do braço com o ombro congelado.
Ele acredita que o fator de risco mais comum para o desenvolvimento do ombro congelado é a FRAQUEZA DOS MÚSCULOS DA PARTE SUPERIOR DO CORPO.
A articulação gleno-umeral é bastante instável e depende da integridade dos músculos para mantê-la livre de lesões e traumas.  Se os músculos do ombro estiverem incapazes de controlar apropriadamente a articulação,  será transmitido à capsula articular um excesso de estresse,  o que leva a uma resposta  inflamatória com tecido cicatricial e enrijecimento da cápsula.

Ele afirma ainda que o importante é que se procure a fisioterapia o quanto antes para que a recuperação se faça mais rapidamente.

A fisioterapia para ombro congelado consiste de terapia manual (técnicas específicas de massagem e mobilização) para diminuir a tensão muscular e mobilizar a cápsula articular, algumas formas de eletrotermoterapia (TENS para dor e ultra-som para inflamação e dor) na fase de dor, e um programa de exercícios terapêuticos para restaurar a amplitude do movimento, coordenação e força.

O fato de não se saber a causa, o que acontece na maioria dos casos, dificulta o sucesso do seu manejo.

A realidade é que muitos pacientes abandonam o tratamento.
Imagine que, segundo a classificação das fases pode abranger um período de tempo considerável:

Estágio 1: duração dos sintomas    0 a 3 meses
Estágio 2: duração dos sintomas    3 a 9 meses "congelando"
Estágio 3: duração dos sintomas    9 a 15 meses"congelado"
Estágio 4: duração dos sintomas    15a 24 meses"descongelando"

O tratamento muitas vezes tem que ser direcionado para a dor já que há também a classificação por irritabilidade em : baixa, moderada e alta.

A irritabilidade alta muitas vezes exige tratamento com o ortopedista que consta de bloqueio anestésico seriado no nervo supraespinhal quando a dor se torna insuportável.

Esse é mais um desafio para nós da área da saúde e, sem dúvida, o tratamento multidisciplinar é o mais indicado.

O mais importante é não se trabalhar provocando dor, sob o risco de perpetuá-la e piorar o quadro, arrastando-o por mais tempo que o necessário. Temos que ser humildes para saber que temos ainda muito a aprender sobre essa patologia.

Creio que os tratamentos que incluam o manejo energético e formas mais sutis de abordagem sejam eficientes, como a acupuntura, também muito útil para o alívio da dor.

Eu mesma estou sofrendo com meu ombro congelado, e, por conta disso, tenho pesquisado e recebido muitas dicas e contribuições de colegas.
À medida que fizer descobertas interessantes relatarei aqui.
Estou fazendo um diário,  que em breve postarei.

Até agora, o mais importante é a constatação de que é melhor prevenir, já que é uma condição bastante limitadora e dolorosa, e a ideia de que a  causa possa ser a fraqueza da parte superior do corpo é inédita e  faz todo o sentido, por isso trouxe para você.

Se você tem informações úteis, por favor dê sua contribuição, pois assim poderemos compreender melhor esse quadro desafiador.

Espero sua participação nessa empreitada.

Até breve!      

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